A Assembleia da República alcançou um consenso para a separação da atual União de Freguesias de Serra e Junceira, no concelho de Tomar. O acordo reúne o apoio do Partido Socialista (PS) e do Partido Social-Democrata (PSD), e a votação final está agendada para o dia 17 de janeiro.
Líderes das várias forças políticas da Assembleia Municipal de Tomar deslocaram-se ao Parlamento para reuniões com representantes dos dois partidos, saindo dessas conversas a garantia de que a desagregação será aprovada. Com este desfecho, o concelho de Tomar passará a contar com 12 freguesias, um modelo que será implementado oficialmente após as eleições autárquicas deste ano.
Este processo enfrentou inicialmente obstáculos, com a Comissão responsável por avaliar as desagregações a rejeitar a proposta por falta de documentação. Contudo, a Junta de Freguesia da Serra e Junceira conseguiu suprir a lacuna, cumprindo assim os critérios exigidos.
A separação de Serra e Junceira insere-se num movimento mais amplo que envolve outras oito freguesias em Portugal. Ao todo, estão previstas 132 alterações ao mapa administrativo nacional, embora novas mudanças ainda possam ser anunciadas.
Esta decisão marca um importante momento para as populações locais, que há muito reivindicavam a autonomia administrativa das freguesias que agora vão ser desagregadas.
Conheça a historia das duas freguesias do Concelho de Tomar
Serra – Quanto ao seu topónimo, desconhece-se a sua origem. Sabe-se que na área da Freguesia, com origem muito antiga, existe, pelo menos, uma Anta, templo Megalítico de finais do 4.º Milénio a. C. ou ínicio do 3.º Milénio a. C., no lugar de Vale da Lage. As referências históricas ao nome da Serra, compilados que foram diversos documentos entre os quais se destacam os Livros referentes ao Municipio, denominados de ANAIS DO MUNICÍPIO DE TOMAR, reportam as datas finais do século XIV (1390), onde se alude à existência da Igreja de Santa Maria da Serra, (Livro do período de 1137 a 1453).
A importância da Serra, naquela época, com assento na mesa Mestral, era muito elevada, não só no aspecto religioso, mas também em termos de área de jurisdição administrativa.
Em termos religiosos, no ano de 1390, a Igreja de Santa Maria da Serra, era uma das 6 igrejas existentes na Paróquia da Vila de Tomar, logo com a importância que aquele estatuto lhe conferia.
Em termos administrativos, pertencia ao Distrito de Santarém, mas a prova da sua importância territorial foram as sucessivas desagregações territoriais processadas, primeiro em 1474, para a criação da jurisdição de São Pedro da Beberriqueira, dando origem à actual Freguesia de São Pedro com uma área de 35,8 km2.
Da área restante da Freguesia da Serra, após a retirada da Freguesia de São Pedro, foi criada a freguesia de São Mateus da Junceira, no ano de 1590, com uma área de 13,2 km2.
Com a edificação da Barragem do Castelo de Bode, a Albufeira daí resultante, cobriu alguns povoados, da Freguesia da Serra. Perderam-se assim, e para sempre, não existindo a possibilidade de recuperar toponímicos constantes dos Anais do Município, perderam-se assim possíveis ligações, restando contudo alguns, tais como Alqueidãozinho, que é uma palavra derivada do árabe.
A Igreja Matriz da Serra, que tem como orago Nossa Senhora da Purificação, sofreu ao longo dos tempos várias calamidades desde as invasões francesas, até ás recentes intervenções provenientes de recuperações motivadas por sinistros, incêndio e de adaptação aos novos tempos, mas mau grado de ter sofrido profundas alterações, existem cantarias, antigas, não dotadas, mas que serão certamente próximas do ano 1390.
Junceira – Segundo Cópia de um documento existente na Torre do Tombo, a Freguesia foi criada em 9 de Fevereiro de 1570, Junceira era então uma Vigararia da Ordem de Crista.
Na área desta freguesia existiu uma mina de ouro, no lugar de Poço Redondo, que chegou a ser explorada durante o século XX, estando actualmente abandonada.
A igreja matriz da Junceira reconstruída em 1820 e que apresentava o altar mor, com talha dourada setecentista. Encontravam-se neste templo vários painéis seiscentista. Os maiores representavam o Chamamento de S. Mateus para a vida apostólica e de degolação do mesmo Santo. Com as recente obras de conservação esta igreja sofreu alterações ao nível do altar-mor. Face a tantos atractivos, as estruturas de acolhimento começam a surgir, já existindo um parque de campismo rural, a Barragem do Carril fomentará ainda mais o aparecimento de espaços turísticos e a sua consequente procura.